A renda do trabalho continua em baixa globalmente, incluindo no Brasil, e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) alerta sobre o agravamento das desigualdades.
Em relatório publicado hoje (4), novas estimativas da OIT incluem projeções da participação até 2024 da renda do trabalho, ou seja, a parte da renda total recebida pelos trabalhadores. A entidade aponta evidências do impacto dos recentes choques econômicos sobre a participação dos trabalhadores na renda nacional.
Um novo declínio soma-se à tendência negativa de longo prazo: em 2019, a participação da renda do trabalho ficou em 52,9% globalmente. Após um aumento de curta duração em 2020, a taxa em 2021 já havia retornado aos níveis pré-pandêmicos à medida que a economia global se recuperava dos piores impactos da pandemia da Covid-19. Em 2022, a participação da renda do trabalho caiu para 52,3%. Incorporando os dados macroeconômicos mais recentes, a estimativa da OIT para 2023 e 2024 é de que essa participação permaneça nesse nível, cerca de 0,6 ponto percentual abaixo da situação pré-pandêmica, agravando uma tendência de baixa observada há décadas.
BRASIL
No caso do Brasil, a estimativa é de que a renda do trabalho fique em 59,7% em 2024, abaixo da taxa de 61,4% em 2015.
‘O Brasil tem uma participação na renda do trabalho maior do que a de seu grupo de renda’, disse à coluna Roger Gomis, economista senior da unidade de produção de dados e análises da OIT.
A OIT alerta que, sem políticas globais para garantir que as vantagens do progresso tecnológico sejam repartidos de maneira equitativa, os desenvolvimento recentes na área de inteligencia artificial ameaçam acentuar as desigualdades.
Assis Moreira, Valor Econômico