O projeto de desconstrução do país, iniciado com o golpe de 2016, jogou o Brasil no Mapa da Fome da ONU. A insegurança alimentar atinge hoje 61,3 milhões de brasileiros- três em cada dez não conseguem fazer todas as refeições do dia. Desse total, 15,4 milhões estão completamente vulneráveis. Não se trata de pessoas em situação de rua. A fome bate à porta dos brasileiros que trocaram a carne pelo ovo e o leite pelo soro de leite. E quando há o que comer é sempre motivo para agradecer.
A política econômica do governo Bolsonaro empurrou para a miséria brasileiros que antes tinham emprego, casa e sonhos. A fila da fome, tem rosto, CPF e identidade. O trabalhador está sofrendo na pele com a inflação que reduz o poder de compra e corrói os salários. No Rio de Janeiro a cesta básica representa 60% do valor do salário mínimo. Conforme dados divulgados pelo DIEESE, o trabalhador precisaria ganhar R$ 6.527,67 para manter as despesas básicas da família.
O ticket alimentação do trabalhador, que antes era usado nas refeições fora de casa, hoje complementa as compras no supermercado e, mesmo assim, a conta não fecha. Por isso, o SINPOSPETRO-RJ lutou para conquistar para os trabalhadores de postos de combustíveis do estado do Rio de Janeiro um aumento acima da inflação para o ticket alimentação.
Enquanto o povo padece, o capitão aventureiro, que lidera uma tropa de piratas saqueadores do país, gastou entre janeiro e maio deste ano, em média R$ 1,2 milhão por mês no cartão corporativo. O trabalhador que paga a conta não se senta à mesa. Numa política descaradamente eleitoreira, o governo vai aumentar o valor do auxílio Brasil às vésperas da eleição. Bolsonaro usa a máquina pública para comprar votos. O auxílio reduz as desigualdades, mas não se iluda, não é presente. Nós é que pagamos a conta, então é nosso por dever e direito. Precisamos acabar primeiro com a fome, pois não existe voto consciente de barriga vazia.
No Brasil das distorções e das desigualdades sociais, a fome que mata é a mesma que condena. Mais de 3 mil processos envolvendo furtos de alimentos e higiene, classificados pelo princípio de insignificância, ou de bagatela, passaram pelo Supremo Tribunal Federal desde 2010. Já o Superior Tribunal de Justiça contabilizou desde 2008, 2.255 processos que trataram o princípio da insignificância em casos de furtos.
O país que lança o seu povo no lixão e nas filas do osso, é o mesmo que vai bater mais um recorde de produção agrícola na safra de 2022. Apesar do recorde, os preços dos alimentos não vão cair porque os produtores priorizam o mercado externo.
E assim vamos levando a vida com todas as dificuldades e lutando com esperança para que não nos falte o pão nosso de cada dia.
Por Eusébio Pinto Neto