Em mais um surto psicótico — de arrogância, ignorância e ressentimento — Bolsonaro voltou a atacar as instituições democráticas e ministros do Supremo Tribunal Federal. No circo da vergonha alheia, onde desempenha o papel principal, Bolsonaro se reuniu, na semana passada, com dezenas de embaixadores e fez novas ameaças golpistas ao desacreditar o sistema eleitoral brasileiro e ao repetir teorias da conspiração sobre as urnas eletrônicas.
Em mais um momento de desequilíbrio verbal, Bolsonaro age como animal acuado para desviar os holofotes do seu governo que é um verdadeiro fracasso. Por não ter políticas econômica e social para apresentar, o mandatário do país proferiu mentiras e cometeu uma série de crimes que poderiam levar à cassação ou ao impeachment.
No monólogo patético, Bolsonaro atacou os ministros: Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso. O chefe do poder executivo acusou o grupo de querer trazer instabilidade ao país, por desconsiderar as sugestões das Forças Armadas para modificações no sistema eleitoral, a menos de três meses da disputa. Também voltou a citar o inquérito da Polícia Federal sobre ataque de hackers ao TSE nas eleições de 2018. Mesmo sabendo que a polícia não encontrou indícios de fraude, Bolsonaro fez a única coisa que sabe — espalhar fake News.
As acusações sem provas foram feitas no momento que Bolsonaro aparece distante do primeiro colocado nas pesquisas de intenções de voto. Já está mais que provado que nunca houve registro de fraude nas urnas eletrônicas desde o início do voto digital, em 1996. Além do Brasil, outros 46 países adotam o voto eletrônico. Desse total, 16 países adotam máquinas de votação eletrônica de gravação direta, sem a necessidade de boletins de papel.
Bolsonaro está usando a máquina administrativa, descaradamente, para impulsionar sua campanha. Primeiro, turbina os benefícios e programas sociais, depois apresenta à comunidade internacional suas verdadeiras intenções. O certo é que o tiro vai sair pela culatra. Não adianta fazer arminha! Ao pedir apoio, Bolsonaro admitiu que vai perder a eleição.
Assim como nas “Aventuras de Pinóquio”, onde o personagem principal ganha o nome por causa de uma família inteira de Pinóquios — Pinóquio o pai, Pinóquia a mãe e Pinóquios os meninos — Bolsonaro tenta desesperadamente salvar a sua pele e da sua prole. Com os quatro filhos alvos de investigações do Ministério Público e da Polícia Federal, Bolsonaro tenta marcar posição para se manter na oposição a partir de janeiro de 2023. As eleições presidenciais serão determinantes para o destino jurídico de Bolsonaro. Ao deixar o Palácio do Planalto, como indicam as pesquisas, poderá ser julgado pela justiça comum. A batata de Bolsonaro está assando. O chefe do executivo tem até amanhã para se manifestar com relação aos pedidos feitos ao Tribunal Superior Eleitoral, por partidos de oposição, para que sejam excluídos das redes sociais os vídeos em que o mandatário aparece atacando as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral.
Para sobreviver na política, Bolsonaro faz como Pinóquio dissemina— fake News. E com seu show de pirotecnia eleitoral tenta desacreditar as urnas eletrônicas, as mesmas que o elegem há 26 anos. No entanto, todo espetáculo tem o seu fim e se for pirotécnico o risco de acidente aumenta. Quanto mais fogos, maior o risco de se queimar. E para quem tem cara de pau e nariz de Pinóquio, qualquer faísca pode transformar o boneco em cinza.
Por Eusébio Pinto Neto