O Brasil viveu mais uma cena patética na semana passada. Não bastassem os constantes vexames por causa das bizarrices do presidente Jair Bolsonaro, dessa vez o recruta extrapolou as medidas ao receber com honras de Chefe de Estado o coração de Dom Pedro I. O órgão, conservado em uma capsula de vidro, foi recebido na rampa do Palácio do Planalto por Bolsonaro e a primeira-dama. Bolsonaro, que durante a pandemia da covid disse não ser coveiro, revirou a cripta da história num culto mórbido e macabro.
Como fantasma a assombrar pelo país, Bolsonaro tenta nos remeter ao Brasil Império, da colonização, do explorador e do escravagista. Tenta, mas não vai conseguir! O coração de Dom Pedro estava guardado a sete chaves há 187 anos, nem mesmo Portugal, guardião da relíquia, havia exposto o órgão do imperador publicamente.
Ao revirar o arcabouço da história, Bolsonaro busca, num sopro de vertigem cardíaco, uma forma de se manter no poder. Usa a máquina administrativa descaradamente para comprar voto. Tudo com a chancela do Congresso que recebeu um cheque em branco, para moldar a legislação conforme os interesses do governo.
O mandatário da nação ataca a Constituição, promove o desmonte da república e a intolerância social. A Constituição de 88 veio para acabar com a república totalitária, onde os presidentes se achavam reis. Diante do pandemônio causado por esse desgoverno temos a obrigação de lutar e defender a nossa Constituição, que assegura liberdade civil, direitos e garantias sociais.
Infelizmente, o coração de Dom Pedro I vai passar por mais humilhações. O órgão vai ser exposto no desfile de Sete de Setembro, em comemoração aos 200 anos da Independência do país. O ato de cívico não tem nada. Como tudo neste governo é colocado em sigilo, ninguém sabe quanto foi gasto nessa operação. Enquanto isso, o Museu Nacional, ex-residência da família real, é reconstruído a passos lento. Os pesquisadores tentam juntar os caquinhos do incêndio, mas está difícil, e não poderia ser diferente, afinal, esse não é o governo da educação e nem da ciência.
Em seus delírios psicóticos, Bolsonaro pode até se sentir rei, mas só se for da Fake News. Ele investe nesse falso reinado quando retira dinheiro da educação para bancar suas fanfarrices eleitoreiras. Sem o pensamento crítico, fica mais fácil manipular o povo. Como num conto de fadas às avessas, se alimenta dessa fragilidade social para contar histórias que não existem — assim nasce a Fake News. Chegou a hora do povo decidir por um governo que defenda os interesses da classe trabalhadora. Temos que nos unir para proclamar a nossa independência desse governo nefasto. Afinal, rei morto, rei posto. Bolsonaro nunca será rei, está mais para o bobo desnorteado da corte do povo.
Por Eusébio Pinto Neto