A crise política no Peru, que há anos se desenhava insolúvel, chegou a um ápice nesta quarta-feira (7), surpreendente mesmo para um país que se habituou à instabilidade. Em questão de pouco mais de quatro horas, o presidente Pedro Castillo fracassou em uma tentativa de golpe depois de mandar dissolver o Parlamento, antecipar eleições e decretar um estado de exceção, tendo por fim sua destituição aprovada pelo Congresso.
Na prática, o Legislativo ignorou os decretos do político populista e aprovou uma moção de vacância, convocando a vice, Dina Boluarte, para tomar posse como presidente —a sétima pessoa no posto em pouco mais de seis anos. A moção, uma espécie de impeachment, foi aprovada com 101 votos a favor, apenas 6 contrários e 10 abstenções —eram necessários 87 votos para a aprovação.
O movimento pôs fim a 16 meses de uma tumultuada gestão, marcada substancialmente por atritos constantes entre Legislativo e Executivo e pelo desgaste de um presidente desacreditado pela classe política e pela população.
Sylvia Colombo, Folha de São Paulo