A tragédia que atingiu o Litoral Norte do Estado de São Paulo, expõe a fragilidade dos mais pobres e torna urgente a discussão sobre a questão climática. Antes mesmo de ser empossado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participou da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU) e cobrou dos países ricos recursos para as nações pobres poderem combater o aquecimento global. O mesmo pedido foi feito, neste mês, durante visita ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
O desmatamento provocado pela ambição do extrativismo vegetal, da agropecuária e dos garimpeiros afeta os mais vulneráveis, que moram em locais de riscos e são vítimas constantes de catástrofes climáticas. Infelizmente, esses desastres são muito comuns no país e a falta de planejamento urbano eleva o risco de deslizamento.
Uma semana após lançar a retomada do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, Lula prestou solidariedade as vítimas das chuvas no litoral paulista, onde 65 pessoas morreram.
Historicamente, os deslizamentos com maior registro de vítimas nas últimas décadas ocorreram na região Sudeste, em especial na região serrana do Rio de Janeiro. No ano passado, 232 pessoas morreram em Petrópolis, em consequência de um forte temporal que devastou a cidade. Em 2011, o maior desastre natural do Brasil deixou 392 mortos, em Teresópolis. Somam-se as vítimas no Estado, 267 pessoas que morreram soterradas no Morro do Bumba, em Niterói, em 2010. A região era um antigo lixão, por isso a maioria dos corpos não foi localizado.
Cerca de 10 milhões de brasileiros moram em áreas de risco sujeitas a deslizamentos de terra, enchentes e outros desastres climáticos. O estudo é do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres, do Ministério da Ciência e Tecnologia. Mais de 300 mil brasileiros vivem nas ruas, sem qualquer proteção social.
Para garantir moradia digna aos mais pobres, Lula editou uma medida provisória elevando os gastos no orçamento com o programa Minha Casa Minha Vida. O projeto vai atender famílias com renda bruta equivalente a até dois salários mínimos. Esse grupo social foi excluído do programa no governo Bolsonaro, que priorizou famílias com renda mensal de R$ 7 mil.
A catástrofe traz à tona as mazelas da nação. Temos de parar de culpar a natureza pelas tragédias fomentadas pelo homem. Para reverter a crise climática, o governo precisa ser rigoroso com os que promovem o desmatamento, assim, como é preciso adotar políticas públicas para resolver a questão dos brasileiros que moram em locais de risco. A culpa não é de São Pedro, nem da chuva, mas da desigualdade social no país.
Eusébio Pinto Neto,
Presidente do SINPOSPETRO-RJ