Durante duas semanas, representantes de governo, dos trabalhadores e dos empregadores de 187 países debateram, em Genebra, na Suíça, o mundo do trabalho com Justiça Social. Tive a oportunidade de representar os frentistas e os trabalhadores brasileiros na 111ª Conferência Internacional do Trabalho, a convite da Força Sindical. Além dos debates nas sessões plenárias, o intercâmbio sindical, que permitiu a troca de experiências com trabalhadores de diferentes países, me fez perceber a complexidade da proposta de uma Coalizão Global para Justiça Social, dada a dificuldade de conciliar interesses econômicos, religiosos e culturais de diversas nações.
Essa diversidade cultural trava a destinação de verbas para implementação de políticas de inclusão de grupos e pessoas mais vulneráveis no mundo do trabalho. É bem verdade que o mundo tem assistido nos últimos anos o aumento do extremismo e da intolerância, refletido em diversos seguimentos. Não podemos falar de Justiça Social sem direcionar o nosso olhar para as pessoas marginalizadas pelos sistemas de opressão. As políticas que podem efetivamente prevenir e reduzir as desigualdades variam de um país para outro. As questões que defendemos como essenciais para os trabalhadores brasileiros, em outros países, são consideradas crime.
Para que o mundo alcance a Justiça Social é necessário criar oportunidades iguais para todos, com proteção social, desenvolvimento sustentável e a adoção dos direitos humanos e trabalhistas. O aumento da informalidade expõe a fragilidade do mundo do trabalho. A informalidade limita a geração de empregos e a capacidade de assegurar a redistribuição necessária através de transferências sociais e sistemas fiscais. Somente com um novo contrato social, impulsionado pela solidariedade e pela justiça, conseguiremos remover as barreiras estruturais que impedem os grupos mais vulneráveis de terem acesso às necessidades básicas e serviços essenciais.
A transformação do mundo do trabalho está ligada diretamente à educação. O aprendizado é indispensável para reduzir as desigualdades e promover o trabalho digno. A educação proporciona a igualdade de acesso e pode atuar como um poderoso equalizador social, preparando as sociedades para as mudanças e crises imprevistas. Mas a educação não é uma realidade em todos os povos e nações. A desigualdade resulta em maior instabilidade política e exploração da mão de obra. É preciso ter um olhar mais atento ao presente para vislumbrar um futuro mais igualitário e com Justiça Social.
Eusébio Pinto Neto,
presidente do SINPOSPETRO-RJ e da Federação Nacional dos Frentistas