O mercado de trabalho está no seu melhor momento. A taxa de desemprego de 6,9% é comparável à de 2014, a mais baixa da série histórica, e os especialistas esperam que caia para perto de 6% no fim do ano, patamar considerado inferior ao pleno emprego. Com isso, vários setores estão com dificuldade para conseguir preencher vagas, e a rotatividade é alta.
Construção, serviços de alojamento e empresas que atuam nos estados voltados ao agronegócio demoram a conseguir trabalhadores, desde o menos qualificado, como auxiliar de cozinha e de limpeza, ao mais especializado, como engenheiro civil.
O ramo de serviços, que vem puxando o crescimento de vagas formais, também está com dificuldade de contratar. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, o setor opera com 20% menos mão de obra do que antes da pandemia, apesar de as vendas terem crescido 15%. Há uma demanda de 300 mil trabalhadores, diz o presidente da entidade, Paulo Solmucci.
Bráulio Borges, economista da LCA Consultores, diz que o país chegou ao pleno emprego em janeiro, quando a taxa estava próxima de 8%. Os benefícios sociais, diz ele, contam para impacto no mercado. Por isso, caiu a participação de trabalhadores menos qualificados. Os ganhos dos ocupados sem instrução formal subiram 19,47% de 2019 a 2024, contra a média nacional de 3,76%. Ainda assim, eles ganham R$ 1.399, abaixo do salário mínimo de R$ 1.412.
Mas o que explica 7,5 milhões de pessoas procurando trabalho, enquanto empresas não conseguem mão de obra? Para especialistas, há alta rotatividade. No setor de restaurante, chega a 50% no ano, como se o setor repusesse 50% do pessoal uma vez a cada 12 meses.
Cássia Almeida e Mayra Castro, Extra