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Velhos e novos dilemas do mundo do trabalho, desafios para o movimento sindical

  • Postado por: Estefania de Castro
  • Categoria: Editorial do Presidente

A união da categoria e a negociação salarial são as armas que a classe operária tem para lutar nas trincheiras do mundo do trabalho contra o poder econômico, que visa o lucro pela exploração da mão de obra. Somente com o fortalecimento do movimento sindical conseguiremos reconstruir as relações de trabalho e enfrentar os desafios que a revolução tecnológica nos impõe. Com o mercado de trabalho aquecido, é urgente discutir a reestruturação e a adaptação às novas formas de trabalho.

O governo Lula colocou o movimento sindical no cerne da questão ao reunir dirigentes sindicais, autoridades e pesquisadores brasileiros e internacionais no seminário “Desenvolvimento Mundo do Trabalho”, no BNDES, na semana passada. Promover o protagonismo do movimento sindical é uma decisão assertiva do governo, uma vez que o sindicato é a única entidade capaz de formalizar uma convenção coletiva, que, hoje, se sobrepõe à legislação trabalhista.

É necessário reestruturar a organização sindical para compreender as mudanças e tornar a tecnologia uma ferramenta aliada da força de trabalho. É inaceitável que o capital coordene os debates sobre a produtividade e o mundo do trabalho, uma vez que esse processo está contribuindo para a redução das vagas de emprego.

Os trabalhadores sem qualificação profissional são os principais alvos do avanço tecnológico. Dessa forma, devemos cobrar políticas públicas de inclusão e estar nas ruas para retomar o diálogo, sobretudo com os mais jovens, para aumentar a conscientização e diminuir a exploração. A Reforma Trabalhista acentuou ainda mais as mazelas do mercado de trabalho, heterogêneo e precário. O papel do movimento sindical é dar voz aos trabalhadores invisíveis que não são reconhecidos e estão excluídos das políticas públicas.

Precisamos ter um olhar atento para o futuro. A carteira de trabalho assinada e a filiação sindical não podem ser vistas como um privilégio. A redução das desigualdades não se limita à adoção de políticas públicas. Este é um chamado social que envolve diversas organizações, sendo o sindicato uma delas.

O grande capital não é mais representado pelo dono da fábrica, mas pelos especuladores do mercado financeiro, que não produzem nada e dominam a tecnologia. A luta sempre será desigual. A tecnologia deve ser usada para promover o bem-estar humano e o conhecimento para assegurar a existência da humanidade. A ascensão da classe operária só será efetiva quando conseguirmos melhorar os salários, reduzir a carga horária e remunerar o ócio. O trabalhador precisa ter conhecimento e acumular energia para produzir de forma eficiente. Tais conquistas devem ser estabelecidas em uma convenção coletiva para que todos possam se beneficiar das mudanças em curso. Há muito o que ser feito.

Por Eusébio Pinto Neto,
Presidente do SINPOSPETRO-RJ e da Federação Nacional dos Frentistas