O tempo nunca foi tão adverso para a luta do movimento sindical. Diante do aumento do uso da Inteligência Artificial e da crescente utilização de robôs humanizados na produção industrial, as lideranças sindicais devem acelerar a reestruturação organizacional da classe operária para proteger o mercado de trabalho.
A globalização permitiu a aproximação, mas também incentivou conflitos, sobretudo no campo do trabalho. As políticas sociais e trabalhistas foram implementadas para aumentar os lucros dos investidores. A terceirização e a informalidade tornaram o trabalho mais precário.
No Brasil, a flexibilização e a desregulamentação da legislação trabalhista foram apresentadas como uma solução para o crescimento econômico e a geração de empregos. Tudo não passou de uma falácia. O movimento sindical teve dificuldades para compreender o processo de desmobilização e isolamento promovido pelo capital. Contudo, despertamos a tempo de salvar a democracia do país.
Apesar da eleição de Lula, um presidente oriundo do sindicalismo, o movimento sindical não conseguiu retomar o seu papel de protagonista. Isto se deve ao fato de estarmos agindo e pensando como no passado. As pressões do capitalismo, que promove o individualismo, têm como objetivo desintegrar e desmobilizar as lutas sociais.
O futuro do mundo do trabalho requer que os dirigentes sindicais sejam ágeis e capazes de compreender as mudanças cada vez mais complexas e digitais. O capital utilizou a pandemia da Covid 19 para introduzir novas técnicas no processo produtivo e reduzir o número de trabalhadores.
A diminuição da oferta de trabalhadores na cadeia produtiva promove a desqualificação e a repetição de formas de trabalho análogas à escravidão, além de desarticular sindicatos e formas de associação e representação coletivas.
Apesar de serem os mais afetados pelas mudanças no mercado de trabalho, as mulheres e os negros têm uma representação insignificante no Congresso Nacional. As mulheres também são uma minoria no movimento sindical.
A reflexão é necessária para que possamos repensar a estrutura sindical e criar um ambiente mais democrático e de igualdade de condições. Afinal, essa é a bandeira do movimento sindical no primeiro de maio, Dia do Trabalhador.
A individualização adoece e cria uma legião de trabalhadores invisíveis. A nossa luta sempre será contra a discriminação, a exclusão e a exploração. Precisamos evoluir, usar a criatividade, a intuição e nos adaptar às novas situações para melhorar o diálogo com a classe trabalhadora e não sermos excluídos pelos nossos representados.
Eusébio Pinto Neto,
Presidente do Sinpospetro-RJ e da Federação Nacional dos Frentistas