A demanda das famílias brasileiras por bens e serviços, que puxou a retomada da economia após as restrições ao contato social impostas pela covid-19, deu sinal de perda de fôlego no terceiro trimestre. Entre julho e setembro, o consumo das famílias cresceu 1% ante o segundo trimestre, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado foi sustentado pelos estímulos injetados pelo governo Jair Bolsonaro (PL) na economia na reta final da campanha eleitoral, pela melhora no mercado de trabalho, pelas medidas de desoneração fiscal e pela inflação mais branda, enumera Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
Daqui por diante, porém, a normalização dos serviços presenciais – como bares, restaurantes e hotelaria, entre outros – e os efeitos restritivos dos juros mais elevados deverão moderar o crescimento. Os juros mais elevados, que encarecem o crédito, já começaram a fazer efeito, mas seu impacto se alonga no tempo.
O comércio ficou no vermelho no Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre. Teve retração de 0,1%. Segundo o IBGE, as famílias deixaram de adquirir bens para consumir serviços. No mundo todo, esse movimento fez parte da “normalização”, já que, no auge do isolamento, as pessoas ficaram impedidas de gastar com serviços e acabaram consumindo mais bens. A piora dos indicadores de confiança em outubro e novembro, aliada a uma frustração nas vendas da campanha de liquidações da Black Friday, corrobora os sinais de nova freada adiante.
Daniela Amorim e Vinicius Neder,O Estado de São Paulo