A Polícia Federal abriu nesta quarta-feira(25) um inquérito para investigar se houve crime de genocídio, omissão de socorro e desvio de recursos na crise humanitária do povo Ianomâmi.
A investigação foi instaurada a pedido do ministro da Justiça, Flávio Dino, que declarou na segunda-feira que há “indícios fortíssimos” de crime de genocídio contra a comunidade indígena. A apuração será conduzida pela superintendência da PF em Roraima, onde se localiza a maior parte da reserva indígena Ianomâmi.
Após regressar de uma viagem a Roraima no fim de semana, Dino enviou um ofício pedindo a investigação ao delegado-geral da PF, Andrei Rodrigues. Na ocasião, o ministro disse que os alvos do inquérito devem ser “ex-ministros e ex-presidentes de órgãos, como Funai, ex-dirigentes da Saúde Indígena e agentes públicos de alto escalão que estimularam o garimpo ilegal na Amazônia”.
O ministro também lembrou que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi a Roraima, em outubro de 2021, visitar um local de garimpo irregular.
Paralelamente a investigação, a PF de Roraima também planeja uma megaoperação para expulsar os garimpeiros ilegais da terra indígena. Lideranças do povo ianomâmi atribuem ao garimpo ilegal e à falta de serviços médicos a epidemia de desnutrição e doenças que acometeram a comunidade.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, pelo menos 570 crianças morreram no local nos últimos quatro anos por causas evitáveis. Equipes da Força Nacional do SUS foram enviadas ao local para atender os indígenas emergencialmente.
Eduardo Gonçalves, O Globo