Na semana passada a grande mídia, que está a serviço do capital, fez um carnaval com as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que criticou o aumento das taxas de juros no Brasil. Baseada em pesquisas do mercado financeiro, maior beneficiário da medida, a imprensa fez terrorismo econômico para atacar o projeto progressista do governo, que visa atender os pobres e os trabalhadores.
O Brasil é o país com a maior taxa de juros reais do mundo e, também, o paraíso dos especuladores financeiros. A alta dos juros trava o crescimento, reduz o consumo e o investimento na produção, aumenta o desemprego e, consequentemente, provoca a estagnação dos salários. Com os juros elevados, as empresas preferem investir no mercado financeiro, onde o risco é menor, ao invés de bancar novos projetos, que oxigenam a economia.
A manutenção de juros tão elevados serve apenas para os que exploram o país. No Brasil, os bancos e fundos de investimentos são os credores de cerca de 70% da dívida pública. Esse grupo detém 79% de toda a riqueza do país. Em contrapartida, o povo paga os juros que os ricos recebem do governo ao comprarem Títulos do Tesouro.
No país, com 33 milhões de pessoas passando fome, 40 milhões de trabalhadores informais e cerca de 10 milhões de desempregados tirar dos pobres para dar aos ricos é uma desumanidade. O argumento para essa corja capitalista continuar ganhando dinheiro é sempre o mesmo: a inflação. O Banco Central—que deveria estar a serviço do povo brasileiro—alega que para forçar a queda da inflação é preciso subir as taxas de juros. No entanto, em 2021, quando a taxa também era exorbitante, a inflação ultrapassou o dobro da meta estabelecida pelo Banco Central. É uma manobra escancarada para atender os interesses do mercado financeiro, contrário aos gastos do governo com políticas públicas de proteção social.
Os juros mais elevados desestimulam o consumo porque fica mais caro parcelar as compras. Como o trabalhador não consegue pagar todas as contas com o salário, a saída para adquirir eletrodomésticos, a casa própria, e, até mesmo, comida e é o crédito ao consumidor. Essa ciranda financeira transfere renda do trabalhador para os investidores.
Para o país crescer economicamente e reduzir as desigualdades sociais, o dinheiro precisa circular nas mãos de todos os brasileiros. Com a economia aquecida há mais vendas para os empresários e mais consumo e emprego para os trabalhadores. Não podemos permitir que a nação seja saqueada por uma minoria, enquanto o povo enfrenta dificuldades econômicas. A taxação da miséria tem que acabar. Quanto mais alto os juros, mais pobres ficam os trabalhadores brasileiros.
Eusébio Pinto Neto,
Presidente do SINPOSPETRO-RJ