Compreender o momento político, econômico e social do país é fundamental para a reestruturação dos movimentos de classe. O sindicalismo deve se posicionar e atuar como agente direto do processo de reconstrução do tecido social esgarçado por Temer e Bolsonaro, que reduziram direitos e desrespeitaram a dignidade humana. Os movimentos sociais e os sindicatos, que fomentam a luta de reivindicações e resistência, precisam trabalhar incessantemente para reconstruir o Brasil.
Esses dois segmentos sociais, aliados a outros grupos, resistiram e conseguiram derrotar o projeto nefasto de desmonte do Estado. A vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, não abrandou as nossas batalhas. É necessário ter paciência e sapiência política para aprovar as nossas pautas de luta. Dada a conjuntura política polarizada, que dividiu o país, temos que negociar direitos com os inimigos da democracia, que se elegeram para o Congresso Nacional.
Para reconstruir o país e obter resultados positivos e concretos, é preciso adotar ações táticas de convencimento para, de forma didática e pedagógica, unir e atrair a maioria para o nosso projeto.
Cabe ao movimento sindical retomar as bandeiras de lutas inerentes aos nossos desafios, que são dinâmicos e permanentes, considerando a relação entre capital e trabalho. O objetivo do capital é sempre o mesmo: obter lucros através da exploração do homem pelo homem, ou, se for o caso, escravizando-o. No entanto, a mudança no cenário político abre perspectivas para o fortalecimento dos movimentos de classe e social. Contudo, estamos longe de alterar de forma radical esse projeto econômico escravocrata, uma vez que o modelo de gestão é baseado no capitalismo selvagem, que ainda domina o mundo.
Não devemos perder o otimismo, pois, em pouco tempo, o governo Lula conseguiu implementar políticas sociais e econômicas que garantem uma vida melhor para o brasileiro. As mudanças nos preços dos combustíveis, alimentos básicos, consumo de energia elétrica e botijão de gás são algumas das medidas que refletem essa nova realidade, além da deflação e da política de renegociação de dívidas. Sem deixar de lado os projetos aprovados no Congresso que visam equilibrar as contas do governo.
A luta do movimento sindical vai além das assembleias nas portas das fábricas. Os sindicatos têm um compromisso social. Não podemos nos calar diante das atrocidades das polícias que invadem as regiões periféricas com violência e colocam em risco a vida dos moradores dessas comunidades. Temos que nos levantar contra a barbárie. Chacinas como as que ocorreram em São Paulo e Rio de Janeiro, deixando 26 mortos na semana passada, são inadmissíveis.
Nós, dirigentes sindicais, temos o dever de proteger os mais vulneráveis. A preservação da vida deve ser a principal bandeira na luta pelos direitos, dignidade e igualdade. Não devemos nos desviar dos propósitos e ideais em que acreditamos. É o momento de repensar as nossas ações. Devemos estimular o diálogo social, através dos debates, e, concomitantemente, ocupar as ruas e convencer o povo a lutar por um país mais justo e igualitário para todos.
Eusébio Pinto Neto,
Presidente do SINPOSPETRO-RJ e da Federação Nacional dos Frentistas