O papa Francisco atribuiu, nesta segunda-feira (11), a culpa de acidentes de trabalho à procura excessiva de lucros e à “idolatria do mercado”, em novo ataque ao capitalismo desenfreado, o que levou alguns críticos de direita a pintá-lo como um radical de extrema-esquerda.
Suas declarações foram feitas duas semanas depois que cinco trabalhadores de manutenção ferroviária foram mortos por um trem que passava na cidade de Brandizzo, no norte da Itália. O acidente está relacionado a uma suspeita de violação das normas de saúde e segurança.
“As tragédias (no local de trabalho) começam quando o foco não está mais no homem, mas na produtividade, e o homem se transforma em uma máquina de produção”, disse o papa em um discurso à associação italiana de pessoas feridas no trabalho.
Francisco comparou os frequentes relatos de tragédias no local de trabalho a um “boletim de guerra”. Tais incidentes acontecem quando “o trabalho se torna desumanizado, e se transforma em uma corrida exasperada pelo lucro”, disse ele.
“A responsabilidade para com os trabalhadores é uma prioridade: a vida não pode ser negociada por qualquer motivo, especialmente se for (a vida dos) pobres, precários e frágeis. Somos seres humanos e não máquinas, pessoas únicas e não peças sobressalentes”, afirmou.
Logo após ter sido eleito em 2013, Francisco disse que desejava liderar uma “Igreja pobre, para os pobres” e tem reiterado várias vezes que a preocupação com os necessitados não é uma forma de comunismo, mas um princípio do Evangelho.
Alvise Armellini, Folha de São Paulo