A entrada de filhos em escolas de período integral libera tempo para que mães possam voltar mercado de trabalho, aumenta taxas de ocupação entre esse grupo e também a renda das famílias. É o que mostra estudo de economistas do Núcleo de Estudos Raciais (Neri) do Insper e do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). O estudo revela que os resultados são ainda mais relevantes quando se olha para mães mais jovens, população negra e também em recortes de escolaridade e renda.
Entre mães com filhos de 6 a 17 anos que fizeram a transição para escolas em período integral, a participação no mercado de trabalho – estar empregado ou a disposição em procurar emprego – subiu 1,88% na comparação com mães cujos filhos permaneceram no ensino tradicional. A taxa de ocupação avançou 1,19%. Essas mães trabalharam, em média, 0,83 hora por semana a mais e o rendimento do trabalho cresceu em R$ 38,72.
Entre mães de filhos mais jovens, entre 6 e 12 anos, o efeito da escola em turno duplo é ainda mais pronunciado. A taxa de participação no mercado de trabalho subiu 3,93 %, enquanto a ocupação avançou 2,89%. Elas também trabalharam 1,6 hora a mais por semana.
Para mães negras e pardas com filhos entre 6 e 17 anos, esse efeito também é maior: a taxa de ocupação cresce em 2,43%, enquanto a jornada de trabalho semanal avança 1,2 hora. No recorte de mães com filhos mais novos, a taxa de participação sobe em 4,73 %, e a ocupação, em 4,3%. A jornada semanal cresce em 1,8 hora.
Marcelo Osakabe, Valor Econômico