Três em cada quatro profissionais brasileiros teriam dificuldades em dizer “não” caso recebessem um pedido de manipulação de dados para maquiar resultados de uma empresa. A maioria, cerca de três quintos, também poderia ceder em situações de corrupção indireta, que envolvessem, por exemplo, favorecer negócios de amigos ou receber vantagens indevidas para fechar um contrato.
Um estudo do Instituto de Pesquisa do Risco Comportamental (IPRC) sobre ética no setor privado revela que, embora muitos tentem manter a integridade, apenas uma minoria dos profissionais tem plena capacidade de resistir, em todas as circunstâncias, a ganhos indevidos ou a comportamentos questionáveis nas empresas.
O levantamento mostra que, em média, 50,2% dos profissionais brasileiros apresentam uma espécie de “flexibilidade ética” quando confrontados com situações que envolvem corrupção corporativa, discriminação ou assédio.
Ao todo, a pesquisa avaliou a capacidade dos profissionais enfrentarem sete práticas de risco: desvio de recursos, corrupção, manipulação de resultados, vazamento de informações, assédio moral, assédio sexual e discriminação.
TRÊS QUINTOS SÃO CORRUPTÍVEIS
Em geral, profissionais mais jovens e em níveis hierárquicos mais iniciantes foram os mais suscetíveis em casos de desvios de recursos, manipulação de resultados e corrupção. Por outro lado, esses grupos apresentaram mais resiliência ao se depararem com práticas de assédio moral e discriminação.
No geral, apenas 41% dos trabalhadores resistiriam a situações de corrupção, enquanto 12% tendem a sucumbir e 47% poderiam agir de forma flexível conforme as circunstâncias.
Juliana Causin, O Globo