Pela primeira vez, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) calculou dados sobre a pobreza de acordo com a situação das pessoas no mercado de trabalho, em sua Síntese de Indicadores Sociais referentes a 2023. A medida é uma das referências para o acompanhamento do primeiro Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), que é a erradicação da pobreza.
A pesquisa do IBGE mostra que, mesmo entre os trabalhadores ocupados, há uma parcela de 14,2% abaixo da linha de pobreza, ou seja, que vive com renda per capita menor que US$ 6,85 por dia (por Paridade de Poder de Compra, ou PPC) ou R$ 665 por mês. Na população como um todo, essa fatia é maior, de 27,4%, porque inclui também desempregados, por exemplo. A extrema pobreza, por sua vez, é uma realidade menos frequente, de apenas 0,8% dos trabalhadores ocupados, ante 4,4% na média da população.
Em números absolutos, eram 14,336 milhões de pessoas que trabalhavam em 2023 e ainda assim tinham renda per capita abaixo da linha de pobreza do Banco Mundial usada como referência pelo IBGE. O número de trabalhadores ocupados e extremamente pobres, por sua vez, é de 783 mil pessoas. Uma das razões para a pobreza do trabalhador, apontam especialistas, é a maior vulnerabilidade dos postos de trabalho desse grupo.
Lucianne Carneiro, Valor Econômico