Lideranças frentistas garantem vitória à categoria em Brasília

Com cartazes escritos “FRENTISTAS DE TODO O BRASIL CONTRA O SELF SERVICE”, dirigentes dos sindicatos da categoria ocuparam, nesta quarta-feira (8), a sala da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados. Eles acompanharam a votação do Projeto de Lei 2302/19, do deputado Vinicius Poit (Novo-SP). A proposta, que pede a revogação da Lei 9.956 e permite o funcionamento de bombas de autosserviço, operadas pelo próprio consumidor, nos postos de combustíveis de todo país, foi rejeita por unanimidade.

A resistência, a determinação e a coragem dos líderes dos frentistas funcionaram como rolo compressor contra os grupos econômicos, que jogam pesado para escravizar o trabalhador e empobrecer a população brasileira. Os frentistas ganharam apoio de parlamentares, que também levantaram cartazes, contra a automação das bombas nos postos de combustíveis.

A pressão dos sindicalistas foi de extrema importância para que o projeto nefasto fosse rejeitado pelos integrantes da comissão. Ao defender o seu relatório, o deputado Augusto Coutinho (Republicanos-PE), disse ser contrário à proposta que irá aumentar o número de desempregados no país, que hoje conta com mais 14 milhões desocupados. Ele alertou também que embutido no projeto há uma manobra para entregar o setor de revenda para quatro grupos econômicos, que hoje detêm 90% da distribuição de combustíveis no país. Segundo ele, com o fim da profissão de frentista, essas empresas vão comprar todos os postos de combustíveis e transformá-los em autosserviço, para aumentar seus lucros. O parlamentar afirmou que o projeto, além de aumentar o desemprego, vai criar o monopólio na venda de combustíveis no Brasil. Não podemos permitir que o mercado de distribuição e revenda de combustíveis fique nas mãos de quatro empresas, finalizou.

Ao votar com o relator, a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) reforçou que não é tempo de provocar mais demissões, porque o país já tem muitos desempregados. Aprovar qualquer projeto hoje que reduza o emprego é empurrar os trabalhadores para o mapa da fome no Brasil, completou.

Para o presidente do SINPOSPETRO-RJ e da Federação Nacional dos Frentistas, Eusébio Pinto Neto, a vitória mostra o quanto a categoria está consolidada e unida. Ele frisou que abastecer um veículo não é tão simples como muitos imaginam. Eusébio adverte que para ser frentista é preciso fazer curso de treinamento como determina a NR 20. A norma regulamentadora exige que todos os funcionários dos postos de combustíveis, independente da função, façam o curso de qualificação e de prevenção de acidentes. A capacitação requer a reciclagem do curso em determinados intervalos de tempo. Segundo Eusébio, o posto é um ambiente altamente periculoso e insalubre, por isso requer uma atenção especial, tanto que os cuidados com a segurança são impostos por lei. O curso de qualificação é imprescindível para reduzir o risco e mesmo assim há casos de acidentes por todo o país, concluiu.

Os dirigentes da categoria vão continuar mobilizados, já que o projeto segue, agora, para a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público, onde será discutido e votado. A vitória de ontem é mais um round que a categoria ganha na luta contra o poder econômico. Agora, mais do que nunca, os frentistas precisam estar unidos para impedir o autosserviço no postos de combustíveis e defender os seus empregos.

Por Estefania de Castro