O Brasil mudou muito nos últimos 200 anos, mas, infelizmente, o grito de independência e liberdade não nos livrou da herança maldita do Brasil Colônia. O povo continua segregado e explorado. A elite brasileira impõe à classe operária uma escravidão mascarada de sociedade. Essa opressão sempre existiu, porém nos últimos anos se acentuou com o aumento expressivo das desigualdades sociais. Mais de 33 milhões de brasileiros foram lançados às vielas da fome. O triste é identificar nesses rostos desconhecidos, pessoas que talvez nunca venham a conhecer o verdadeiro significado da liberdade, pois agregam ideias que as escravizam ainda mais.
Diante de tanta ameaça à democracia, a reflexão se faz necessária e oportuna neste Sete de Setembro. O povo precisa olhar para trás e encarar os pontos que não deram certo e que continuam atrapalhando o desenvolvimento do país. Os avanços conquistados, em 88, com a Constituição Cidadã, estão sendo desmontados gradativamente. A classe operaria teve os direitos reduzidos, com as sucessivas mudanças nas leis trabalhistas, e a dignidade ameaçada com a famigerada reforma da previdência— que vai impor ao idoso trabalhar até morrer ou aposentado sem ter o que comer.
Estamos presos aos grilhões do passado. Se não lutarmos contra a precarização da mão de obra, o desemprego, a alta informalidade, a subocupação, a pobreza, a miséria e as desigualdades nunca seremos livres e independentes.
O Brasil que já foi a 6ª potência econômica do mundo — à frente da Inglaterra— sofre com a crise política orquestrada pela elite econômica e financeira. É preciso repensar o país de ontem e de hoje para escrever um futuro mais justo e digno para o povo. A independência não foi para todos. O brasileiro continua dependente do sistema aristocrático, que a cada dia se mostra mais cruel e doentio.
Companheiros, precisamos despertar desse pesadelo. Mais do que nunca é preciso acabar com o sentimento coletivo de inferioridade, que subjuga o povo ao explorador. Temos que dar um basta neste ciclo vicioso para deixar de reproduzir os erros dos nossos antepassados. Somos a maioria e mesmo assim continuamos elegendo congressistas que se recusam a promover reformas estruturais em favor da redução da desigualdade. O único presidente operário, que este país já teve, foi achincalhado por tentar cortar as amarras da escravidão. Chega de eleger quem não nos representa!
Neste Sete de Setembro os senhores feudais irão às ruas para garantir a hegemonia e a permanência no poder. Lutam em causa própria, por isso não se iludam, nós somos apenas os escravos nesse sistema explorador e abusivo. Celebramos os duzentos anos da Independência, mas, ainda, temos muito a aprender com a história.
Eusébio Pinto Neto, presidente do SINPOSPETRO-RJ e da Federação Nacional dos Frentistas