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O PAPEL DO DIRIGENTE SINDICAL EM UM MOMENTO DE TRANSFORMAÇÃO

  • Postado por: vmonfer
  • Categoria: Editorial do Presidente

Desde o golpe que tirou do poder a presidenta Dilma Rousseff, em 2016, a agenda política brasileira deu forte guinada à direita, o que afetou os fundamentos econômicos do país com a adoção de um modelo ultraneoliberal. Movimento no qual embarcaram setores expressivos do sindicalismo brasileiro, a partir de uma leitura lamentavelmente equivocada do momento político.

Entre os principais exemplos dessa nova orientação política, de consequências trágicas para o povo, está a emenda constitucional do teto de gastos, com forte impacto na área social. E ainda uma reforma trabalhista que extinguiu direitos dos trabalhadores e buscou limitar ao máximo a capacidade de ação das entidades sindicais. Na sequência, o atual governo iniciou o mandato acabando com o Ministério do Trabalho e conferindo superpoderes à pasta econômica. Promoveu ainda uma reforma previdenciária que tornou mais difícil a aposentadoria e, assim, deu continuidade ao desmantelamento do Estado do bem-estar social, herdado da Era Vargas, com a consequente diminuição das políticas públicas.

A diminuição do tamanho do Estado e o enfraquecimento das políticas públicas é particularmente dramático para um país com o histórico de desigualdades sociais que tem o Brasil. Nesse momento de pandemia, por exemplo, seria indispensável que houvesse maiores investimentos em ciência e tecnologia, saneamento e outras políticas públicas fundamentais em qualquer visão contemporânea de saúde pública. Seria fundamental ainda que o Estado estivesse comprometido com políticas capazes de manter o nível de emprego, evitar a quebradeira das pequenas empresas e dar uma contribuição financeira efetiva às pessoas necessitadas. Exatamente como fizeram a maior parte dos países do mundo.

Felizmente, não há mal que para sempre dure. A partir desse momento difícil, a sociedade brasileira vem assimilando uma série de aprendizados. As forças políticas progressistas começam a se aglutinar para que sejamos capazes de derrotar o atual projeto de governo e voltar a tomar o destino da nação em nossas mãos. A expectativa é de que tenhamos uma mudança de prioridades, independente do governante eleito, que possibilite que a República volte a ter como objetivos centrais a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, com a erradicação de todas as desigualdades.

Nesse momento, é importante que nós trabalhadores e dirigentes sindicais tenhamos consciência do nosso papel. Sabemos que o movimento sindical está muito enfraquecido, sem condições de protagonizar movimentações políticas de maior vulto. O que não é bom para os trabalhadores, pois é preciso que tenhamos poder de negociação, quando necessário, para intervir de forma classista na construção de um novo projeto de governo.

Por isso, hoje, nós sindicalistas precisamos acumular forças para voltar a ocupar espaços nas manifestações, nas redes e em todos os ambientes de reflexão, debate e luta política. Não podemos abrir mão do nosso protagonismo. Para retomá-lo, é necessário que cada qual faça sua parte. Temos que participar da política, inclusive, lançando e apoiando candidatos para fazer uma boa bancada de parlamentares, que dê sustentação no Congresso Nacional a um possível governo progressista e que reveja muitos dos projetos colocados em prática pela atual administração.

Nossa categoria de trabalhadores em postos de combustíveis e lojas de conveniência – com mais de 500 mil trabalhadores em todo o país, 35 mil deles no Estado do Rio de Janeiro – tem um papel importante a cumprir nessa luta. Porque somos uma categoria pulverizada, que está presente em todas as cidades e rodovias do Brasil, com um poder muito grande de influenciar o voto. Os frentistas podem e devem se transformar em agentes transformadores, persuadindo colegas e clientes. Para tanto, precisamos fazer um trabalho de base direcionado, que faça com que os trabalhadores melhor compreendam o momento que vivemos.

A política é dinâmica. Apesar do desgaste do atual governo, ainda temos muito o que fazer para alcançar nossos objetivos, sem perder o ânimo com os eventuais revezes. Estamos chegando em um momento crucial de uma luta em que está em jogo o futuro do Brasil e da humanidade. Que os desafios nos animem a encarar a luta e a nos manter firmes na resistência. Esse é o nosso papel.

 

presidente do sinpospetro-rjEusébio Luis Pinto Neto é frentista
Presidente do SINPOSPETRO-RJ e da FENEPOSPETRO