Politicamente insustentável, mesmo num regime militar nos moldes brasileiros. Foi dessa maneira que o ex-ministro Mario Henrique Simonsen classificou a tentativa do governo Castelo Branco (1964-1967) de proibir a correção dos salários no Brasil pela inflação passada.
Proposta nesse sentido faz parte de um estudo do governo obtido pela Folha na semana passada. Trata-se de um pacote de mudanças nas contas públicas, que inclui o fim da correção do salário mínimo e dos benefícios previdenciários pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do ano anterior. Eles passariam a subir de acordo com a expectativa ou a meta de inflação.
No Brasil, os salários acima do piso são negociados livremente, com cerca de 60% dos acordos coletivos obtendo ganhos iguais ou acima da inflação, segundo o dado mais recente do Dieese.
Se a regra de correção pela meta tivesse sido aplicada desde 2002, o salário mínimo, atualmente em R$ 1.212, estaria em R$ 502, segundo cálculo do Made (Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo).
Eduardo Cucolo, Folha de São Paulo