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Self-service em postos de combustíveis causaria desemprego em massa, mortalidade e caos na saúde pública

  • Postado por: Marcela Canero
  • Categoria: Notícias

Em resposta a greve dos caminhoneiros, que acabou derrubando o presidente-entreguista da Petrobras Pedro Parente – responsável pela nefasta política de preços dos combustíveis -, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) divulgou propostas para reduzir o valor dos combustíveis, entre as quais a adoção do autoatendimento (self-service) nos postos. Isso acarretaria no envenenamento de milhões de pessoas, gerando um prejuízo incalculável pela exposição ao benzeno (presente nos combustíveis) que em longo prazo é responsável por doenças como o câncer. Tamanha irresponsabilidade também geraria 500 mil novos desempregados em todo o Brasil, afetando até 2 milhões de pessoas.

Nos últimos dias, constatamos filas enormes em postos de combustíveis, algumas pessoas pagando bem mais caro pelo combustível (em função da demanda e do oportunismo de empresários) e com dificuldade em se locomover nas ruas e estradas por falta do produto, mas pouco tem se comentado sobre os prejuízos à saúde que uma substância chamada benzeno, pode causar.

A gasolina contém benzeno, que é um composto comprovadamente cancerígeno para humanos, que pode causar, por exemplo, alterações auditivas. A exposição ao benzeno, por suas características toxicológicas levam a alterações neurológicas, como dores de cabeça, náuseas, irritação das mucosas respiratórias e oculares, danos no sistema nervoso, irritação do sistema nervoso central, irritação da pele. Esses sintomas são chamados de benzenismo.

O SINPOSPETRO-RJ, a Federação Nacional dos Frentistas e outros sindicatos da categoria por todo o país, promovem campanhas periódicas alertando os trabalhadores em postos de combustíveis sobre os riscos de lidar com substâncias tóxicas devido aos componentes destes produtos. Essas ações sindicais são extremamente necessárias para esclarecer os trabalhadores de como devem proceder para preservar à saúde e evitar acidentes ao abastecer veículos. Vale destacar que é necessário cursos de capacitação para realizar o manuseio de bomba de combustível, seguindo as NRs (Normas Regulamentadoras) e usar EPI (Equipamento de Proteção Individual, definido pela Norma Regulamentadora nº 06 do Ministério do Trabalho) que a população não está capacitada.

Agora imagine uma sociedade como a nossa sem frentistas, serão literalmente duas tragédias, desemprego e doença em massa (além do risco de acidentes), é uma afronta criminosa proporem isso como parte da solução. O contato direto com combustíveis caracteriza atividades de alto risco. A exposição crônica ao benzeno (que significa baixas concentrações por longos tempos) pode levar a alterações do sistema sanguíneo e na medula óssea, no sistema imunológico, alterações no DNA que podem levar a cânceres como a leucemia.

Em 2011, o trabalhador frentista Gilberto Filiu morreu, em Dourados, Mato Grosso do Sul, vítima da exposição ao benzeno. O atestado de óbito comprova que o frentista apresentou exposição ocupacional ao benzeno durante 29 anos e morreu devido à insuficiência hepática, agravada pela intoxicação crônica ao benzeno (benzenismo). É importante frisar que essa exposição afeta a todos, independente da posição, da profissão, da diferença de classe, de gênero. E além dos trabalhadores expostos, na cadeia produtiva do petróleo, como os postos de combustíveis e refinarias, também existe uma exposição ambiental que expõe as populações no entorno.

LUTA – Desde o ano de 2009, a diretoria do SINPOSPETRO-RJ luta para melhorar as condições de saúde e segurança nos postos de combustíveis. Em 2010, o sindicato firmou uma parceria com a Fundação Osvaldo Cruz, FIOCRUZ para a realização da pesquisa “Avaliação da exposição ocupacional ao benzeno em postos de combustíveis no Município do Rio de Janeiro: uma abordagem integrada para as ações de vigilância em saúde”. A parceria segue até hoje e, garante aos trabalhadores que participam das pesquisas periódicas tratamento de saúde na FIOCRUZ.

* Daniel Mazola, assessoria de imprensa SINPOSPETRO-RJ