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Liberação miúda do FGTS vai ser boa para bancos, advertem especialistas

  • Postado por: Marcela Canero
  • Categoria: Notícias

Poucas vantagens e muitos problemas. Assim, especialistas têm visto a iniciativa de Bolsonaro de liberar, ainda que a conta-gotas, o saldo de contas ativas do Fundo de Garantia.

Álvaro Egea é sindicalista do setor do vestuário e ocupa a secretaria-geral da CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros. Ele já integrou o Conselho Nacional do FGTS e também do FI – Fundo de Infraestrutura, criado pelo presidente Lula, em 2007, para financiar grandes obras.

Para o dirigente, a liberação desregrada vai estimular, quando muito, o consumo miúdo, sem chegar a setores estruturantes da economia. Ele alerta: “Hoje, as pessoas devem muito a banco. As empresas, nem tanto, porque, sem perspectiva de crescimento, elas não tomam dinheiro. As pessoas pegarão parte do que têm no FGTS e vão transferir esses valores aos bancos”. E resume: “Com isso, o Fundo de Garantia perde receita e os bancos se apoderam de uma parte desses recursos”.

SPC

Segundo Egea, o endividamento crescente da população faz com que 63 milhões de brasileiros tenham nome sujo no SPC – Serviço de Proteção ao Crédito. O que deve ocorrer, ele critica, é uma transferência do SPC para os bancos. “A pessoa limpa o nome, transfere parte do seu Fundo para instituições financeiras, sem garantia de que não ficarão devendo ainda ao banco”.

De acordo com Álvaro, os recursos para o FI (um banco de fomento, na prática) eram altos e liberação dependia sempre de análise técnica, com participação da Caixa Econômica Federal. “Todas as grandes empreiteiras se valeram dessa fonte pra tocar usinas, estradas e outras grandes obras”, ele conta.

Consultor

Integrante da direção nacional do PDT e consultor político, Lúcio Maluf também é crítico dessa forma de liberação do FGTS. Ele diz: “Esse é o fundo mais capitalizado do Estado brasileiro. Seu enfraquecimento depaupera um saldo de bilhões de Reais, que têm aplicação prevista em lei de 1966 e também drenam recursos para o sistema bancário, que vira uma espécie de coletoria privada”.

*Via Agência Sindical.