As Centrais Sindicais repudiaram, em Nota divulgada na noite de terça (13), a afirmação caluniosa de Paulo Guedes, de que o movimento sindical foi parceiro da ditadura militar. Para as entidades, Guedes não tem moral para falar do sindicalismo brasileiro. As declarações ministro da Economia foram feitas durante um seminário promovido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Para Ricardo Patah, presidente da UGT, quem esteve ao lado da ditadura foi o ministro. “Quero lembrar que Paulo Guedes serviu a ditadura de Pinochet no Chile. O movimento sindical sempre lutou contra o regime. Sofremos muito com intervenções e violências de todo o tipo. O Guedes é produto de uma ditadura e conhece bem”, diz Patah.
José Calixto Ramos, presidente da Nova Central e da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI), diz que Guedes deve ter faltado às aulas de história. Por isso, é inadmissível uma inversão dos fatos de um período de massacre. “Companheiros foram presos, torturados e mortos. Outros exilados. Sindicatos foram invadidos. O sindicalismo sempre trabalhou pela volta do regime democrático. O ministro esqueceu que o movimento sindical trabalhou muito forte no Diretas Já”, destaca Calixto.
Miguel Torres classificou a fala de Guedes como totalmente sem cabimento. “Uma pessoa que esteve ao lado da ditadura de Pinochet no Chile e participou da destruição das aposentadorias naquele país não tem moral para falar um absurdo desses. Nossa história sempre foi de luta pela redemocratização do Brasil e contra o regime militar”, ressalta.
A Nota diz: “Ao contrário do que afirmou Guedes, o movimento sindical não apenas não se aliou ao regime como lutou bravamente pela redemocratização e pela Constituinte”. Os dirigentes acusam o ministro de estar levando o Brasil ao abismo.
Leia abaixo a íntegra da Nota:
Paulo Guedes não tem moral para falar do movimento sindical
O ministro da Economia, Paulo Guedes, decidiu transformar o movimento sindical brasileiro em alvo de suas infâmias, insultos e mentiras. Durante a abertura do seminário “Declaração de Direitos de Liberdade Econômica” promovido pelo STJ, segunda (12), ele chegou ao ponto de afirmar que as organizações sindicais foram parceiras da ditadura militar brasileira.
Além de ofender a memória de trabalhadores perseguidos, presos, torturados e assassinados por aquele regime, ele mostrou, com esta declaração, que não conhece a história do Brasil. O que ocorreu foi o inverso do que sugerem as infâmias vomitadas pelo senhor Guedes. Na ditadura de 1964, os Sindicatos foram vítimas de intervenções, com seus dirigentes mais combativos afastados compulsoriamente e colocados no limbo pelo regime.
Basta consultar os arquivos históricos, que ele parece desconhecer, para saber que o movimento sindical lutou contra o arrocho salarial e o alto custo de vida e por isso foi violentamente reprimido. Não foi à toa que a decadência daquele famigerado regime se refletiu nas memoráveis greves iniciadas no ABC ao final dos anos 1970 e início da década de 1980. Greves que, vale ressaltar, começaram a partir da denúncia do falseamento de índices econômicos, feito pela equipe econômica do ditador Emílio Garrastazu Médici.
Ao contrário do que afirmou Guedes, o movimento sindical não apenas não se aliou ao regime como lutou bravamente pela redemocratização e pela Constituinte.
O senhor Paulo Guedes, que se comporta como um porta-voz do mercado financeiro, revela-se agora um eloquente mentiroso. Ele que se diz liberal, serviu ao ditador sanguinário Augusto Pinochet, no Chile, e agora serve a um governo de extrema direita, intervencionista, retrógrado, que defende a tortura e os torturadores.
Como funcionário de um governo que está levando o país ao abismo, com a volta da recessão e altos índices de desemprego, um governo que enlameou a imagem do Brasil no exterior e atenta diuturnamente contra a soberania nacional, o meio ambiente e os direitos sociais, Paulo Guedes não tem qualquer moral para falar mal do movimento sindical brasileiro.
São Paulo, 13 de agosto de 2019
Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT)
Miguel Eduardo Torres, presidente da Força Sindical
Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT)
Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
José Calixto Ramos, presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST)
Antônio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB)
Atnágoras Teixeira Lopes – Secretaria Executiva Nacional da CSP-CONLUTAS
*Via Agência Sindical.