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Nosso Expediente

Brasileiro corta na carne a ferida aberta pela ignorância

  • Postado por: Estefania de Castro
  • Categoria: Editorial do Presidente, Sem categoria

Para despertar é preciso dormir e nem sempre temos bons sonhos. A menos de três meses das eleições, o brasileiro começa a se encher de confiança para acordar do pesadelo que o atormenta desde o golpe de 2016. A semana inicia na certeza de que a luta —pela democracia, direitos, dignidade e por maior igualdade e respeito —vai vencer a falta de perspectiva e a maldade do governo Bolsonaro. O povo está pagando caro, literalmente, para sobreviver com os desmandos do capitão zureta que tenta implodir o país ao colocar em xeque às urnas eletrônicas.

Promove a balbúrdia para passar a boiada. Nunca, em toda a história da redemocratização, um presidente usou descaradamente a máquina administrativa para se reeleger. Quer ganhar votos com a fome do povo. O mesmo voto que tenta desacreditar. É a política do falastrão, do toma lá da cá. A carestia entrou na casa do brasileiro arrombando à porta. O custo de vida está muito alto. Pesquisa do Datafolha mostra que um em cada três brasileiros afirma que a quantidade de comida em casa, nos últimos meses, não foi suficiente para alimentar a família. Estamos falando de pessoas com casa e alguma renda.

Mas quando chegamos aos mais vulneráveis o cenário de horrores nos remete ao Brasil senzala. Na semana passada, um menino de 11 anos ligou para o 190 da Polícia Militar de Belo Horizonte, Minas Gerias, para pedir socorro. A emergência da criança era a fome. A mãe desempregada relatou ao policial que estava há três semanas sem comprar alimentos. O menino é mais um entre os 33 milhões de pessoas que hoje passam fome no país.

Não podemos permitir mais retrocessos. Tropeçamos e caímos no abismo. Chegamos ao fundo do poço. O brasileiro está mergulhado em dívidas. Mais de 66 milhões estão com alguma conta em atraso. Com a desculpa de conter a inflação, o governo promove a farra dos investidores, que lucram com a alta da taxa de juros. Enquanto isso, desestimula o crescimento da economia, eleva os custos dos crediários, dificulta a geração de empregos e compromete a renda tão corroída do trabalhador.

A expressão “vender o almoço para comprar a janta” não cabe mais no vocabulário do brasileiro, porque faltam as duas refeições no prato. A quantidade de carne bovina consumida no mercado interno brasileiro é a menor em 26 anos. E por permitir que a vaca fosse para o brejo temos, agora, a obrigação e o dever moral de tirar o Brasil desse atoleiro. Mesmo que a gente tenha que cortar na carne a ferida aberta pela ignorância.

É preciso unir forças para restaurar a democracia e assegurar as eleições no país. Dois manifestos, um criado pela Faculdade de Direito da USP e outro pela Fiesp, serão divulgados nesta semana. Eu e mais de 780 mil brasileiros já assinamos o manifesto que une sindicalistas, empresários, banqueiros, artistas, políticos, advogados, integrantes da magistratura e do Ministério Público. O Brasil é um país rico e de imensidão continental, por isso não pode ser governado com deboche e desrespeito. Não escrevemos cartinha como disse o presidente. Estamos escrevendo a nossa história de resistência, cidadania e liberdade. A semana é grande e promete! É a na luta que a gente se encontra!

Por Eusébio Pinto Neto